Casamentos homossexuais

A sociedade portuguesa pode ainda vir a olhar a questão da homossexualidade e dos casamentos homossexuais de outra forma.. Ana Maria Brandão, professora auxiliar de Sociologia na Universidade do Minho, considera que as mentalidades podem vir a alterar-se .“As sociedades mudam, os problemas são outros, e os desafios são diferentes”, referiu a docente de sociologia da Universidade do Minho, num debate, que decorreu em Março no bar “Puzzle” em Braga. O mesmo debate, que teve como tema “Casamento de homossexuais: direito ou equívoco?”, contou com a presença de Carlos Amorim que afirmou: “A questão não é intrinsecamente religiosa nem moral, a questão é intrinsecamente política.” O docente de direito, na mesma universidade, não concorda com a necessidade de alterar a lei actual no que respeita ao casamento. Também o sociólogo Moisés Espírito Santo, considera, que o problema é essencialmente jurídico, focando o facto de a Igreja não dever intervir neste tipo de questões. "Os projectos do Governo, sejam sobre eutanásia ou casamento entre pessoas do mesmo sexo, são questões puramente da sociedade civil, da ordem pública, em que as igrejas não devem interferir", afirma o professor catedrático da Universidade Nova de Lisboa.

A pergunta pode não levar a uma resposta concreta. Da opinião pública recolhida no terreno (Braga, Porto e Bragança) foi possível registar algumas impressões da sociedade portuguesa em relação ao casamento homossexual e à adopção de crianças por casais homossexuais que, de forma indirecta, se atribui à opinião que se tem da homossexualidade em geral. Apesar de a grande maioria ter respondido "não" ao casamento e à adopção, as sondagens efectuadas revelam que os portugueses estão mais "abertos" à possibilidade de o casamento gay vir a ser legal.

Em Outubro de 2008, uma sondagem da Universidade Católica mostrava que 42% dos portugueses estava a favor do casamento entre homossexuais. Este foi o argumento usado por Paula Nogueira, membro do Bloco de Esquerda, para contrariar Nuno da Câmara Pereira, quando aquele se referia a uma “minoria” de pessoas que está a favor do casamento homossexual, durante uma conferência na Universidade do Minho.

A religião tem um peso indiscutível na formação da opinião pública dos portugueses, no norte do país. Apesar de matrimónio e casamento constituirem conceitos distintos, a maioria dos trauseuntes argumenta ser contra o casamento civil homossexual com base na fundamentação religiosa da homossexualidade em si, e não na base de uma questão jurídica. Geralmente,"Deus criou o homem e a mulher para estarem juntos" e "Isso vai contra a natureza" são frases que se ouvem vezes sem conta. Dos jovens, as opiniões são, na maioria, a favor do casamento homossexual.

Luís Castro, um jovem homossexual português a viver em Barcelona, considera que no país vizinho há menos discriminação do que em Portugal, começando pelo papel do Estado na sociedade. “Em Espanha têm programas que educam sobre a normalidade da identidade sexual”, refere o fotógrafo.
Outro jovem, actor português, que prefere ser apresentado com o nome fictício de Diogo, considera, também, que a sociedade portuguesa discrimina os homossexuais. “Já cheguei a ouvir comentários do tipo ‘bicha’, do público, e são crianças. O preconceito está em todo lado”, declara o jovem, referindo-se à personagem infantil que representa numa peça que tem estado em digressão por todo o país.

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